Muito se fala da chamada inteligência artificial. O termo é motivo de alegria para alguns e de temor para outros. Mas, além da imagem associada a filmes de ficção científica catastróficos, o que, afinal, essa área representa para a tecnologia e para o futuro das relações homem-máquina?
De acordo com Hugo Pinto, fundador das empresas Klooks e Sentimonitor, especializadas na área, a inteligência artificial pode ser definida como a arte e a ciência de criar programas de computador que façam o que só seres humanos são capazes atualmente. Ele lembra que, apesar do espanto e da desconfiança de alguns com esse assunto, muitos dispositivos que usamos hoje, no nosso dia a dia, antes eram considerados ‘inteligências artificiais’.
É o caso do filtro de spam dos emails, que tanto apreciamos por nos poupar das propagandas intrusivas, ou da injeção eletrônica dos carros. “Muito do que a gente chama de inteligência artificial agora será conhecido como engenharia daqui a dez anos”, afirma o especialista em entrevista ao CCM.
Na área da inteligência artificial, existem duas vertentes. A primeira delas acredita que o objetivo principal é criar máquinas com inteligência humana ou sub-humana, capazes de criar consciência própria. Dentro dessa lógica, teríamos seres com reflexão minimamente equivalente ou superior à dos homens, “sem status físico e sem depender de um cérebro e de um corpo”.
“Uma vez que se cria um ser capaz de se entender e se modificar, a tendência é que ele seja hiper inteligente, de maneira que a gente não consiga compreender”, afirma o pesquisador. A segunda vertente da inteligência artificial, por outro lado, vê essas criações como simples projetos de engenharia, mas com processos de funcionamento equivalentes ao que uma pessoa seria capaz de fazer.
A inteligência artificial ainda deve evoluir muito com o passar dos anos e as novas descobertas e tecnologias. Hugo Pinto aposta em um prazo de 25 anos até a chegada de máquinas extremamente superiores. “Já podemos esperar carros e aviões autônomos, além de atendentes comerciais e companheiros artificiais”, aponta. Alguns desses dispositivos serão também uma espécie de oráculo, já que serão capazes de fornecer informações com precisão única, pois terão uma experiência muito melhor que a dos homens.
As inteligências artificiais são produzidas a partir de linguagens de programação. As mais conhecidas e mais utilizadas pelos profissionais da área atualmente são Java, C++ e Python, que possuem muitas bibliotecas já prontas. Além dessas, a R também tem crescido em popularidade, de acordo com Hugo Pinto, e a LISP é uma das mais clássicas. Mas o especialista lembra que “não existe uma linguagem de programação superior às outras”. “A melhor é aquela em que o programador for mais experiente”, diz.
O Brasil não tem ficado para trás na corrida da inteligência artificial. Grandes multinacionais como Amazon, IBM, Microsoft, SAP e Accenture vem promovendo eventos de disseminação dessa vertente da tecnologia no país. Além disso, diversas startups têm investido na área, como Meerkat, Nama e Pixforce. E a pesquisa brasileira sobre inteligência artificial vem de longa data, com grupos de especialistas presentes nas principais instituições de ensino públicas e privadas do país.
Foto: © Photos Hobby - Unsplash