Os carros do futuro não terão motoristas, poderão voar e estacionarão sozinhos. Até que ponto é sonho ou realidade?
A tecnologia avança e os veículos autônomos estão cada vez mais próximos de fazerem parte do dia a dia. Especialistas contam como será essa mudança no dia a dia das pessoas.
A porta de entrada para a mudança de veículos conduzidos para veículos autônomos é o movimento de eletrificação dos carros. Pensada como solução para substituir os combustíveis fósseis, o carro elétrico começa a ganhar destaque em alguns países.
“Na Noruega, 40% dos carros novos vendidos que são elétricos. Começamos também a ver alguns países se mobilizando para estabelecer regulamentações em médio prazo como a Índia e Alemanha, mas aplicando essas normas especialmente para os aplicativos de transporte”, diz Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Para o especialista, esse movimento será seguido pelo desenvolvimento de tecnologia de direção autônoma.
As principais vantagens estão relacionadas à segurança. “Em torno de 1,3 milhão de pessoas morrem no trânsito, anualmente. É um problema endêmico de saúde. Além disso, oferecerá uma maior fluidez no trânsito, pois esses carros serão mais inteligentes e um conseguirá se comunicar com o outro, o que refletirá ainda em uma melhor otimização do tempo das pessoas”, acredita o especialista da FGV.
Entre as desvantagens, a possibilidade de algumas indústrias fecharem as portas e isso gerar desemprego. “Pode sim causar desemprego, principalmente, para os motoristas, que na maior parte dos países representam 2% da força ativa de trabalho. No Brasil, são 600 mil Uber”, diz Athur Igreja. Mas o especialista acredita que, ao mesmo tempo, outras indústrias vão passar a operar.
“Então, com a mudança para a eletrificação, esses profissionais precisariam se realocar em novas categorias”, acrescenta. Para o especialista em tecnologia e inovação, a entrada dos veículos autônomos no mercado não deve ser motivo para a destruição dos empregos. Mas na mudança do tipo de trabalho.
No caso de carros que vão andar sozinhos, guiados por inteligência artificial, como ficaria a legislação? Por exemplo, se alguém for atropelado, quem será o culpado? “Particularmente, acredito que esse aspecto da legislação será discutido país a país, pois até agora o que aconteceu com a Tesla e Uber, eles não foram responsabilizados”, diz Arthur Igreja. Mas, segundo o especialista, no Brasil, se acontecesse algum tipo de acidente, isso não ficaria tão barato assim. Esse é um tema bem crítico, pois a pessoa ao volante acabará se isentando, já que alegará que não estava prestando atenção.
E do lado dos fabricantes, eles colocam como uma direção assistida, que a pessoa tem que estar pronta para intervir imediatamente. “A partir do momento em que as empresas passarem a oferecer direção 100% autônoma, vai ser bem complicado o fabricante do carro ou quem estiver oferecendo o software não ser responsabilizado”, acredita Igreja.
Listamos algumas tecnologias e inovações em veículos e questionamos o especialista se elas já estão mesmo na mira da indústria automobilística para chegar em pouco tempo ao mercado.
“Com certeza está bem perto. Muitas empresas já estão testando, bem como fazendo algumas alianças entre fabricantes, inclusive para ter sinergia. A GM prometeu que lançará, ainda em 2019 nos EUA, seu primeiro carro plenamente autônomo. E por isso, o prazo de 5 anos é um horizonte bem plausível”, diz o especialista da FGV.
“A Bell está desenvolvendo um trabalho junto à Embraer, bem como outras seis empresas que também estão bem dedicadas a esse tema. Porém, é difícil chamar de carro. Está parecendo um drone elétrico”, diz Igreja.
Em maio deste ano, a empresa eslovaca AeroMobil apresentou em Paris um modelo de carro híbrido chamado de AeroMobil 4.0. Com voos de teste programados para serem realizados ainda este ano, a expectativa de entrega ao mercado é em 2021. Mas de fato mais parece um avião que um carro propriamente dito.
Segundo Arthur Igreja da FGV, isso já é uma realidade. “Já existem carros da Volvo e outros fabricantes que têm um nível de inteligência bem interessante. E isso vai crescer pelo sensoriamento e processamento. Então, será uma integração de carros inteligentes que também vão reportar em plataformas como o Waze. Essa é uma tecnologia bem próxima da realidade”, diz o especialista em tecnologia e inovação.
Essa também já é uma grande realidade. Muitos carros conseguem estacionar sozinhos e até mesmo fazer baliza. “Agora o setor passa por um aprimoramento, mas não é mais uma tecnologia do futuro”, garante Igreja.
De acordo com Arthur Igreja, a linha seguida pela GM está bem relacionada à essa ideia. “A GM e o Google querem colocar no mercado um carro com essa tecnologia. E em alguns países o prazo de 5 anos pode ser alcançado”, diz.
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