O uso de veículos movidos a energia elétrica é certamente o futuro da mobilidade em todo o mundo. Com a preocupação crescente com o aquecimento global e a redução das emissões de gases do efeito estufa, a substituição de carros a diesel e gasolina por veículos elétricos ganha cada vez mais importância e a disseminação de iniciativas em diversos países apenas reforça essa tendência. Nesse artigo, veja a situação atual da adoção de veículos elétricos no Brasil, como ter um e qual o futuro da mobilidade elétrica no país.
Atualmente, não há fabricação de carros elétricos no Brasil. Com isso, todos os modelos disponíveis são importados e, portanto, bem mais caros que a média. As opções padrão giram em torno dos R$ 200 mil, casos do Renault ZOE, Nissan Leaf e Chevrolet Bolt. Uma das marcas que mais conta com opções de modelos elétricos no país, incluindo um pequeno caminhão, a chinesa JAC Motors também possui o mais barato da categoria, o JAC iEV20, que custa a partir de R$ 140 mil.
Como não existe produção interna de carros elétricos e a adoção por parte da população ainda é baixa, Marcel Martin, coordenador do Instituto Clima e Sociedade (iCS), explica, em entrevista ao CCM Brasil, que pontos de recarga ainda não são simples de encontrar, mas iniciativas nesse sentido têm avançado nos últimos anos. "Há edifícios comerciais que oferecem recarga e há casos como o da Via Dutra de criação de rotas elétricas, com oferta de recarga pelo trajeto", diz.
Apesar de a situação atual da mobilidade elétrica no Brasil ainda ser incipiente, a tendência é que esse mercado acelere muito nos próximos 10, 20 anos. Para Martin, um passo decisivo para que isso é o país seguir o exemplo de países como Reino Unido e Alemanha e definir uma data para o fim da produção nacional de carros e outros tipos de veículos poluentes.
"Com isso, o mercado passa a produzir veículos elétricos e os preços cairão, permitindo que mais pessoas tenham carros elétricos. Ainda vamos conviver por mais algum tempo com carros a gasolina, mas isso vai diminuir progressivamente. Recentemente, o governo britânico antecipou de 2035 para 2030 o prazo para interrupção da produção de carros a diesel e gasolina.
A mais recente pesquisa sobre mobilidade elétrica do Instituto Clima e Sociedade comprova a intenção crescente da população em ter um carro elétrico. Entre 2017 e 2020, o número de brasileiros interessados em comprar um carro elétrico saltou de 45% para 71%. Além disso, cada vez mais pessoas compreendem que as emissões dos veículos têm impacto significativo no meio ambiente e para o aquecimento global.
"Essa maior conscientização das pessoas somada às metas de redução de emissões assinadas pelo Brasil no contexto do Acordo de Paris certamente darão um impulso à adoção de veículos elétricos", aponta Martin. "Além disso, a Política Nacional de Mobilidade Urbana, de 2012, trouxe o conceito de mobilidade sustentável, que só pode ser integralmente alcançada com veículos elétricos, de zero emissões", completa.
No entanto, a prioridade das ações governamentais na questão da mobilidade elétrica deve estar no transporte público, defende Marcel Martin. "Essa é a nossa grande oportunidade. Países vízinhos como Chile e Bolívia já estão mais avançados, mas há cidades do Brasil como São Paulo, Campinas, Santo André e São Bernardo com planos de descarbonização da frota de ônibus municipal", diz ele.
O mesmo vale para os pequenos caminhões que circulam dentro das cidades atendendo ao setor de serviços e comércio. A eletrificação desses veículo também garantiria uma forte redução das emissões nas cidades.
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