O fenômeno se iniciou na China e outros países do sudeste asiático, mas aos poucos tem se espalhado pelo Ocidente e já chegou até mesmo ao Brasil. Estamos falando dos super aplicativos, softwares para celular que agregam diversos tipos de serviços em uma mesma plataforma. O CCM Brasil conversou com Marlon Luft, gerente da AppsFlyer, empresa de análise de dados do mercado mobile, para saber o que são super aplicativos e qual a tendência de adoção desses apps no Brasil.
Super aplicativos são softwares para smartphones que oferecem uma vasta gama de serviços em um mesmo local. Essa oferta vai desde serviços financeiros até entregas de comida em casa, passando por agendamento de consultas médicas e mobilidade urbana, como aluguel de bicicletas e pedido de táxi ou carro particular.
Além disso, outro fator que caracteriza um programa como super app é a ampla aceitação do aplicativo entre os usuários, alcançando uma elevada porcentagem da população de um determinado país ou região.
Por fim, nenhum aplicativo nasce como um super app. Esse é um processo que depende de investimento para aquisição de outras empresas e adequação do modelo de negócios do aplicativo a partir das oportunidades do mercado, como destaca Marlon Luft, da AppsFlyer.
“Em geral, o aplicativo começa com um core business, a oferta de um serviço específico e que posteriormente, com a adesão do público e a análise de tendências, passa por uma maior diversificação do tipo de produto e serviço que pode ser obtido naquela mesma plataforma”, aponta o especialista.
O exemplo mais conhecido de super aplicativo no mundo é a plataforma chinesa WeChat. Ela possui todas as características listadas acima. Criada originalmente como um app de troca de mensagens em 2011, a plataforma hoje agrega serviços variados e está presente no celular de 1 bilhão de pessoas, ou 90% do público chinês.
“O WeChat hoje tem uma série de aplicativos dentro de um só. Os serviços oferecidos vão desde utilidade pública, do governo da China, até ferramentas de pagamento e conectividade. Além disso, oferece serviços de entrega de refeições e qualquer tipo de compra e mesmo pedir um táxi no país”, explica Luft.
Segundo Marlon Luft, o Brasil tem potencial para, dentro de alguns anos, ter seus próprios super aplicativos. Isso porque boa parte da população acessa a internet exclusivamente pelo celular e possui uma aceitação de aplicativos mais alta do que os Estados Unidos e a Europa, por exemplo.
“Nosso mercado ainda está em maturação, com um forte crescimento. A tendência é que isso se estabilize em cerca de três anos e a gente passe a ver alguns líderes se consolidando e se transformando em super aplicativos”, diz ele, que indica que o isolamento social imposto pela pandemia de coronavírus acelerou esse processo.
“A população se obrigou a adotar soluções como a entrega de compras de mercado e farmácia em casa, por exemplo, e viu os benefícios e a comodidade de resolver as coisas pelo celular. É um caminho sem volta e até empresas tradicionais estão migrando para o mobile”, afirma Luft.
Só o tempo dirá, mas já há muitos concorrentes nessa disputa, entre eles podemos citar alguns aplicativos bastante populares e de diferentes setores, como Magalu, Rappi e Nubank, aponta o especialista da AppsFlyer.
“O Magalu cresceu muito forte com a sua estratégia digital, indo além do e-commerce simples. A Nubank vem adquirindo diferentes serviços financeiros, enquanto a Rappi tem agregado serviços bastante diversos, como aluguel de patinete e contratação de profissionais pelo GetNinjas, além da entrega de qualquer produto que o usuário precise”, diz Luft.
Foto: © Rami Al-Zayat - Unsplash.