A Apple começou a liberar desde o dia 26 de abril a atualização para o iOS 14.5. Entre as novidades do novo sistema operacional, está a função ‘Transparência de rastreio de apps’. Seu objetivo é simples: possibilitar que o usuário decida se um aplicativo pode ou não compartilhar seus dados de uso do software com outras empresas. A ferramenta de privacidade tem causado polêmica desde que foi anunciada há alguns meses. Veja como utilizar esse recurso, quais iPhones são compatíveis com o iOS 14.5 e muito mais sobre a novidade da Apple.
A função ‘Transparência de rastreio de apps’ não precisa ser ativada. A única coisa que você deverá fazer é baixar a atualização do iOS 14.5. Para isso, basta acessar Ajustes > Geral. Por fim, caso a nova versão já esteja disponível no seu aparelho, toque em Atualização de software e aguarde o download ser concluído.
A partir de agora, toda vez que você acessar qualquer um dos seus aplicativos - novos ou já baixados antes da atualização - uma janela pop-up aparecerá perguntando se você permite que o app monitore sua atividade em outros aplicativos e sites. A Apple também autorizará que o próprio aplicativo exiba uma tela ao usuário sobre os benefícios de manter esse tipo de rastreio.
A decisão da Apple coloca a privacidade dos usuários como prioridade, dando a eles o poder de decidir quantos e quais dados serão compartilhados entre as empresas. Segundo Jenny Crook, vice-presidente de Produtos Mobile da consultoria Jellyfish, a novidade vai “sacudir o ecossistema de rastreamento de aplicativos”.
Em algum grau, o mercado terá que se adaptar a essa nova realidade, especialmente se um volume grande de usuários bloquear o rastreio entre apps e a ferramenta chegar ao Android. “Esta atualização terá um grande impacto na segmentação e medição. O marketing digital sempre buscou rastrear os usuários em nível micro e hiperpersonalizar cada etapa da interação com uma marca”, explica Crook.
Anteriormente, o que os aplicativos faziam era utilizar o IDFA, um código exclusivo que identifica cada aparelho com iOS, para monitorar padrões de navegação dos usuários. “É exatamente isso que a Apple está dando aos usuários: permissão para controlar e compartilhar ou não seus dados”, completa a especialista.
Vale destacar que essa mudança afeta apenas a troca de informações entre aplicativos. Monitoramentos dentro de cada app continuam ocorrendo independentemente do usuário. Isso significa, por exemplo, que o Instagram continuará exibindo conteúdo com base nas suas pesquisas dentro do app e publicações que você costuma curtir. No entanto, uma pesquisa feita no Google não impactará na publicidade veiculada na rede social de fotos.
A nova ferramenta da Apple, celebrada por grupos de defesa da privacidade na internet, tem gerado polêmica e respostas duras de grandes empresas, principalmente do Facebook. Segundo a companhia de Mark Zuckerberg, a gratuidade de diversos serviços na internet é garantida pelo uso de dados dos usuários.
Além disso, essas empresas argumentam que a personalização de anúncios é benéfica para os usuários na medida em que ofertas são exibidas com base nos seus interesses. Porém, essa posição tem a ver, fundamentalmente, com dinheiro. Cerca de 97% das receitas do Facebook vêm da venda de publicidade.
Para incentivar os usuários a aceitarem o compartilhamento de dados de rastreamento entre aplicativos, o Facebook vai exibir telas no app e no Instagram, apresentando o que o público tem a ganhar com essa transferência de dados entre os softwares.
Também não é possível dizer que a preocupação da Apple é apenas com a privacidade de seus usuários. Enquanto o Facebook defende uma internet “gratuita” e paga por anunciantes que obtêm os dados do público, a política da Apple é que as pessoas deveriam pagar, preferencialmente para a própria Apple, para ter mais segurança e privacidade na rede.
O novo recurso de privacidade não é a única novidade do novo sistema operacional da Apple. Entre elas, estão seis novos emojis para usar nos apps de mensagem, maior integração da Siri com apps de terceiros e a possibilidade de utilizar o reconhecimento facial para desbloquear o iPhone mesmo quando se está de máscara.
Foto: © Dan Nelson - Unsplash.